Relato sobre o incêndios no PAEST – 17/09/2019

25/09/2019 15:30

Os relatos abaixo são de pesquisadores do OBSERVA que estiveram no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro no dia 17 de setembro, a fim de avaliar a área queimada na Planície do Maciambú, Palhoça/SC.

Para Giorgio Gallotti (estudante de Geografia/UFSC), a visita técnica iniciou com uma conversa com os gestores da Unidade de Conservação a fim de ter a impressão dos mesmos sobre o impacto do incêndio. Já ao lado do Centro de Visitantes foi possível observar as áreas de banhado (normalmente úmidas) bem secas. Observamos também que já está se fazendo o corte de espécies invasora, como o pinus (essas árvores quando em período seco são combustível ao fogo). Na conversa com os gestores, a princípio o incêndio iniciou-se em uma estrada no centro da área dos cordões arenosos (e que possui propriedades particulares), nas margens dessa estrada há a instalação das torres elétricas sem a devida proteção de acesso, por onde parte dos moradores descartam entulho, móveis e lixo doméstico. Em conversa com os gestores fica subentendido que os primeiros focos se iniciaram nesses pontos e que devido às condições do tempo as chamas se espalharam na direção de sudeste para nordeste durante o dia e a noite o vento mudou para nordeste, espalhando as chamas de para as áreas que ainda não haviam sido atingidas ampliando a dimensão da área. Se estima que, a fauna foi atingida, mas ainda não há dados.

A bióloga Paula Ribeiro de Souza (mestranda UFSCAR), o incêndio atingiu grande parte das áreas que anteriormente eram alagadas, conhecidas como banhados, um ecossistema fundamental à vida e a qualidade das águas da região. Além de ser rico em matéria orgânica e proporcionar a ocupação e o estabelecimento de uma biodiversidade da fauna e flora, incluindo uma espécie de marsupial considerada vulnerável pela IUCN, Lutreolina crassicaudata. Sem banhados teríamos uma água mais poluída, mais enchentes e maiores riscos de falta d’água em épocas de seca. Por isso a sua preservação é fundamental para a perpetuação da vida selvagem e da qualidade das águas de nossa região.

O biólogo Tadeu Maia, aponta que, o foco do incêndio teve início em pequenos arruamentos para instalação e manutenção das torres de transmissão de energia, paralelas à Estrada do Espanhol, esta que atravessa a área de cordões arenosos até a rodovia principal da Enseada da Pinheira. É comum nestes locais, a deposição e queima de grande quantidade de lixo. O Fogo conduzido pelo vento sul percorreu os cordões arenosos, principalmente nas áreas mais baixas recobertas por taboais completamente secos devido ao longo período de estiagem, alcançando a porção Norte da restinga próxima a praia do Praia do Sonho. Na manhã do dia seguinte, a força do vento Nordeste impulsionou o fogo para o sul, as chamas ganharam força por conta da presença de galharias de pinus, suprimidos para recuperação da área, ultrapassando novamente a Estrada do Espanhol, rumo ao Sul dos cordões arenosos e só foi parado com a mudança de vento no final da tarde do dia 15.

 

Abaixo algumas fotos tiradas pelos pesquisadores durante a visita:

Vegetação queimada, com a presença de urubus (por causa da presença de animais queimados).

 

Entulho em área no interior da UC, utilizado pela comunidade local, ao qual se referiu o biólogo Tadeu.